sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O que é poliamor, ou amor liberto?

O que é exatamente amor liberto, ou “poliamor”?

Bem, não há uma única resposta para essa pergunta, ao menos no nível da exatidão. Existem muitas “leituras” diferentes deste tema.

Basicamente poliamor significa muitos amores, ou amor múltiplo. Amor liberto é uma redundância, pois amor só é liberto.

É claro que “amor” é só uma palavra e 99% das vezes utilizada de forma “solta”.
Nesse caso vou utilizar amor no sentido espiritual

O amor pode ser explicado de forma longa, e merece! Um dos livros que escrevi trata apenas do amor. Mas vamos ser práticos e objetivos?

Amor espiritualmente, acima de tudo significa: conhecer profundamente. Ter intimidade verdadeira. E esse conhecer profundo só é possível através de uma conexão, ligação. Os grandes ensinamentos espirituais de muitas linhas religiosas apontam que, para amar o outro, é necessário primeiro amar a si. Já outro ensinamento diz que para se conhecer verdadeiramente, rompendo a ilusão do falso eu (mundo externo), é necessária intimidade com si mesmo, a verdade da essência.

Nesse caso, embora com palavras diferentes, estão falando da mesma coisa: amor e consciência como sendo uma conexão profunda com si mesmo, com a essência.

De forma muito “the flash” estou dizendo que amor é conexão verdadeira.

Uso a palavra “verdadeira”, porque não se trata de conexão na forma de “apego”. Apego não exige nada de esforço, não requer conhecer o outro, nem a si próprio. Apego é uma ilusão de que “preciso disto para ser completo”. Apego é acreditar que algo no mundo lá fora “me completa” e “me faz feliz”. É o oposto do amor espiritual, onde alcanço a completude de mim mesmo, sou pleno, e então ao me reconhecer sou capaz de reconhecer e desvendar o outro.

Conexão através do amor é: conheço a mim mesmo e sou completo em mim, portanto reconheço você como parte de mim, uma extensão de mim.

Poliamor nesse caso é conectar-se profunda e livremente com muitos seres. É buscar celebrar a vida e a própria plenitude em conjunto. Obviamente não somos todos plenos! Caso contrário o mundo lá fora seria harmônico, certo? Ser poliamor é reconhecer o “caminho” e a “jornada” de plenitude, que passa por se “soltar” dos apegos, medos na forma de ciúmes. É desistir de tentar “controlar” tudo baseado no medo e trocar pela confiança, pelo salto de fé.

Nesse ponto, poliamor é o fim de relacionamentos por medo. Deixar para trás a compulsão por segurança para acalmar o medo da perda. Poliamor é o reconhecimento que vínculos não devem ser excludentes. Na verdade é incoerência pura a forma antiga de relacionamento! Como deixaremos para trás uma sociedade excludente se buscamos relações exclusivas?

Dessa forma, quem busca o poliamor, é porque já percebeu de alguma forma que deseja ser livre, se conhecer de verdade e ter relações mais autênticas com os outros. Buscando deixar de lado o ciúme e o anseio por controlar a relação. Substituindo pelo unir-se por afinidade, admiração e partilha.

Mas veja só “poliamor” é uma palavra né? Qualquer um pode sair por ai utilizando e dizer que é um expert. E de certa forma ele será, pois viverá o seu jeito de poliamor. O engraçado é que a maior parte das pessoas que buscam o poliamor, mesmo que no inicio seja por motivos mais mundanos, acaba crescendo em maturidade.

Por uma razão exotérica, explicado pelo tantra. A sexualidade gera conexão, mesmo que mínima. Cria maior exposição, vulnerabilidade, que gera a cumplicidade. Mas isso só ocorre se há o reconhecimento do poliamor abertamente, ou seja, sem dissimulação. Quem é “mentiroso” e faz “por baixo do pano”, não colhe este fruto, pois está psicologicamente fechado, na defensiva, motivado pela culpa e repressão.

Então mesmo que para algumas pessoas poliamor seja sinônimo de polisexo, se for de forma aberta e reconhecida, sem dissimulação, tende a deixar de ser apenas polisexo! O que isso quer dizer? Que sexo é uma coisa deliciosa e fantástica, que gera conexão e intimidade, e quando é feito de forma aberta, com cada vez menos recalque, se torna um canal para intimidade verdadeira!

Seria legal que você estude o tema se quiser! Há muitos trabalhos fantásticos sobre o papel da sexualidade na transformação espiritual, ou na psique humana.

Superar o recalque do sexo é uma das coisas mais profundas e libertadoras que um ser humano pode realizar, e requer uma gigantesca coragem, acreditem! Na base do recalque está o pavor à vulnerabilidade do desfazimento da própria identidade, a “pequena morte” como dizem. Então veja só, a sexualidade livre também liberta e aproxima do poliamor verdadeiro: conexão profunda consigo e com o outro, plenitude e completude, a partilha e celebração.

O curioso é que a maior parte das relações monogâmicas não tem intimidada real alguma! E muitas vezes uma das partes “rompe” a relação quando as coisas “ficam muito íntimas”! É o tal do pavor da intimidade, de ser descoberto “insuficiente”. Claro que poucas pessoas percebem isso, mas quem ler isso e já tiver “testemunhado” essa parte de sua “criança interior”, sabe do que estou falando!

Em relações poliamorosas há mais intimidade e respeito mútuo. Há muito lealdade e cumplicidade. Partilhando não apenas experiências mas também amores. No poliamor, costuma-se ter a convicção e confiança maior de que quem está “junto” é porque realmente deseja estar lá. Ou seja, não há medo constante, mas sim prazer e gratidão, certeza da apreciação mútua. Nenhuma das partes é um “carente” com medo da solidão e amargura! Que esta ali pelo medo de ficar sozinho, por comodidade.

Os tipos de relações poliamorosas costumam ser descritas por símbolos geométricos, triangulo, circulo, T, V, W etc. A diferença por exemplo, é que uma relação em T, há uma relação forte entre duas partes e um terceiro menos conectado, já no V, uma das partes tem duas relações. No triangulo, os três se relacionam mutuamente e de igual intensidade. No W, há várias ligações em sucessão, não relacionadas etc. Não há limite ou forma fixa.

Normalmente relações se tornam grande círculos, com “constelações”. Ou seja, um núcleo de parceiros sólidos e outros ao redor que se aproximam ou distanciam de forma fluídica.  

Então vamos lá: Poliamor ou amor liberto é conexão profunda e livre com várias pessoas ao mesmo tempo, sem limites ou formas estabelecidas. É algo fluido e orgânico. Não se propõe a ser mais uma coisa racional e “segura” para nossa mente combater os medos.

Poliamor é prazer intenso e liberdade de fato. É autoconhecimento na superação das inseguranças, em especial no começo da jornada.

Satya Dharma
Mestre Liberto

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que é o ciúme?

Segue uma parte de meu novo livro, para todos vocês, como sempre será um livro gratuito! :) 

Me sinto muito feliz por respeitarem a autoria :) afinal aqui está a soma de anos de trabalho interno junto dos ensinamentos de muitos mestres! 

Com carinho do Mestre Liberto, Satya Dharma... e uma mão de sua pupila Kamala

No caminho do amor liberto, o ciúme é o maior desafio.

O que é o ciúme?

Um sentimento, uma emoção, uma sensação corporal?

Acho que cada um de nós vai dar uma resposta diferente, usando palavras distintas né?

Mas no final, vamos concordar que, é muito ruim.

Um sentimento que dói. Pode ser desde um desconforto, uma leve ansiedade até uma sensação de dor intensa, raiva e ânsia de vômito. São intensidades diferentes e variam de pessoa para pessoa, situação para situação.

No fundo não passa de uma intensa resposta de nosso sistema de defesa, mais conhecido como Ego. No corpo mental, mente pensante. Nosso personagem e falso eu.

Recomento de pronto que vai ser transformador ler o site “escola de libertação”. Lá tem o livro gratuito (Libertação) para baixar e é MUITO associado ao que vamos falar superficialmente aqui. www.escoladelibertacao.com.br

A questão central gente é que: ciúme machuca e incomoda.

O ciúme surge como uma resposta de nosso corpo emocional (criança interior) á uma provocação. Essa provocação é criada pela mente, sempre interpretando as coisas que acontecem sob uma ótica pessimista e até catastrófica. Nessas interpretações, os fatos são “exagerados” de forma a criar o pior cenário possível e simplesmente não conseguimos “enxergar” mais as coisas com clareza, mesmo que achemos que sim.

Essas interpretações normalmente envolvem a ideia de que “algo” esta lhe sendo tirado, sob risco de ser tirado ou de que tudo já foi perdido. Pode ser amor, respeito, reconhecimento, dinheiro, honra etc. A máscara/título que surge não importa. Fato é que essas coisas estão sempre relacionadas ao nosso senso de “valor” próprio, ou nossa capacidade de amar e gostar de nós mesmos.

Durante nosso crescimento a ideia de que não há amor o suficiente para nós no mundo ficou profundamente arraigada em nossa mente, isso abala nossa segurança. Adotamos como verdade intrínseca que devemos lutar para sermos amados, ao invés de reconhecer que SIM “existe amor suficiente para todos nós no mundo”.

A crença de não ser mais amado, gera um “tilt” na cabeça. Liga nosso botão de sobrevivência.

Isto é instintivo. Por quê?

Saca só, para a criança interior (corpo emocional) ser amada é questão de vida ou morte, de sobrevivência, literalmente. Se ela não for aceita e amada, não será cuidada e nutrida.

Todo bebê e infante, precisa conquistar esse afeto para não ser “largado” ou “abandonado”.  No nosso eu primitivo, não ser aceito, aprovado pelo mundo externo, representa um risco á sua sobrevivência. 

Isso fica “sub-escrito” na nossa programação como um conceito muito oculto e sutil, causando grandes ondas de choque em nosso ser.  Só somos capazes de testemunhar esse “bug” de programação quando passamos por uma situação de grande dor, ou muitas sessões de “auto-resgate”.

Quando crescemos e amadurecemos como pessoas, muitas vezes não trabalhamos estes aspectos íntimos, nosso autoconhecimento. Não realizamos o que gosto de chamar de "auto-resgate".

O corpo mental, ego, que é nosso cachorro no portão (responsável por nos proteger do mundo externo), ao se deparar com o risco de perda de aceitação, liga esse pavor e então o medo primitivo de que algo esta lhe sendo tirado abala fortemente sua sobrevivência!

Não se admira as reações brutais de algumas pessoas quando tem ciúmes! Sem sequer perceber estão sendo totalmente dominadas pelo instinto de sobrevivência. Nosso instinto de sobrevivência tem duas respostas á uma ameaça: fuga ou luta. Ou fingimos que tudo aquilo não está acontecendo, não olhamos para as nossas dores e simplesmente seguimos para a próxima relação (que possivelmente repetirá o mesmo ciclo) ou atacamos ferozmente o que julgamos ser a causa da nossa dor – o outro.

O ataque que fazemos aos outros é uma reação de proteção. Equivocada claro, porque é de fora para dentro, contra o espelho. É uma tentativa de por fim a dor interna, através de um ataque a algo fora. Mas claro que não resolve, pois a fonte da dor é dentro. Isso raramente impede as pessoas de saírem culpando o outro. É algo mais ou menos assim que diz a nossa criança: “Como ousa você colocar essa dor em mim?”, sem perceber e reconhecer que a dor já estava lá em primeiro lugar. Só foi desperta pela situação.

O que de fato acontece é que sua parte mais primitiva do cérebro interpreta de forma errada uma situação perfeitamente comum: a troca entre seres em vários níveis. Interpreta a partilha da conexão de seu parceiro com outro ser como um risco. Como se o vínculo existente entre vocês fosse ser anulado agora que seu parceiro se conectou à outra pessoa!

É essa parte primitiva que exige a exclusão dos outros, para evitar essa sensação de colapso interno. Daí as relações “exclusivas” serem tão restritivas e limitantes. Nelas, excluímos o resto do mundo para ter a ilusão de “segurança” que o outro “é só nosso”. A relação é um “bunker” contra seus sentimentos de insegurança. Uma barreira entre você e a verdade: um profundo sentimento de falta de valor.

Basta “sair” desse bunker ilusório, a relação exclusiva, e uma avalanche de sentimentos não trabalhados nos atingem em cheio! Só de pensar em relações abertas e surge um enorme MEDO!

E neste medo que está a chave de libertação de nossas feridas internas. Mas vamos por partes.

O fato é que não é possível viver a plenitude do ser quando se está confinado. Uma prisão te pode ser confortável, mas nunca é plena. Prisão, confinamento, muralhas, bunker, são os expoentes de limitação, de restrição.  Da mesma forma como um rico pode se ver refém de sua riqueza, prisioneiro de suas posses. Da mansão, yate, carro de luxo, e joias. Junto acompanha o medo de um assalto ou ataque aquilo que acredita possuir. Na ânsia de “proteger” vive a neurose e a ansiedade constante. O medo que falamos a pouco, ao contrário de sumir, de ir embora, apenas vai se elevando.

Pior: de uma forma trágica em algum momento a relação exclusiva deixa de nos alimentar. A nós e ao colegas de cela (nosso parceiro). Isso leva as famosas escapadinhas. Fugas reais ou só fantasias de liberdade. A possessividade, o medo da perda, e a busca pela segurança da exclusividade criam aquilo que tenta impedir: a perda.  

Por isso que ao contrário do que se pensa, relações poliamorosas estimulam e elevam em muito o gral de intimidade e cumplicidade, pois são inclusivas. Os sentimentos de insegurança e desvalor são constantemente reconhecidos e trabalhados. Os parceiros se entendem e se acolhem ao invés de se atacarem e aprisionarem mutuamente. Isso eleva a cumplicidade, aproxima por afinidade!

Ao contrario do ressentimento inconsciente pelas correntes do aprisionamento, da relação asfixiante.

É inevitável que o ciúme resulte nessa tão famosa possessividade.

A busca da posse é essa tentativa de “segurar”, manter e concretar. Onde o outro ser humano deixa de ser livre para se tornar "meu". Como vemos juntos ate aqui isso é uma bizarrice de nosso sistema de defesa, afinal não podemos possuir ninguém. Mas ainda assim realizamos aquela famosa cerimônia publica com juras e contratos públicos. 

Esse banker, prisão tem nome de casamento e toma forma de um decreto para o mundo: “nos possuímos mutuamente nessa prisão de palavras e idéias, esse rótulo nos protege e estes papéis e aros de ouro confirmam: somos um do outro e excluímos o resto do mundo!”.

Que trágico né? Tudo para diminuir esse tão intenso pavor mortal de nossa criança interior, feito de uma forma ruim e ineficiente que só piora as coisas, como tudo que é motivado pelo medo! Eu e muitos que amo já pagaram o preço elevado dessa ilusão.

Seguir o caminho do medo, agindo no mundo lá fora, é a receita da catástrofe. É literalmente como tentar curar uma ferida colocando um band-aid no nosso reflexo do espelho, loucura, certo? Mas fazemos isso e não percebemos que não adianta tentar resolver lá fora, aquilo que está rolando aqui dentro, no íntimo!

Mas caramba, é assim que todo mundo faz nesse mundo é hoje né? Viciados em achar que podemos resolver tudo lá fora! De preferência fugindo da dor...

eitcha” que sociedade paracetamol!

Tentamos resolver as coisas lá fora e nunca aqui dentro, onde realmente “existimos”.

Em linhas gerais podemos recapitular que: o ciúme é nosso cérebro “lendo” um risco real ou irreal nos fatos, sempre exagerando as situações. Estas percepções levam nossa criança interior a "convulsões" de medo primitivo e dor, associados à sensação de perda, ausência de valor. Num nível profundo, subconsciente, é um medo da morte ou perda de "identidade". Esse sentimento de mal estar leva a mente a buscar resolver “lá fora” o problema, ao invés de curar a ferida dentro. A solução clássica no ciúmes em relações amorosas é a exclusão do risco “eliminando” a concorrência, leia-se o resto do mundo.

Chegamos num ponto chave aqui então, como lidar com lidar com ciúmes então?

Primeiro: é preciso reconhecer.

Para resolver um problema primeiro é necessário reconhecer que ele está lá. Simples e objetivo. E isso exige um movimento enorme de coragem, que é assumir responsabilidade. Parar de culpar os outros e ter “ótimas razões” para estar com ciúmes. Pare de fugir de si mesmo com boas razões para culpar os outros.

A fonte da dor só está em um lugar: em nós mesmos. O que o outro faz ou não faz em nada afeta realmente quem somos, se dói é porque a ferida já estava lá em primeiro lugar.

Assuam responsabilidade por você. Se esta é a primeira vez que escuta isso, melhor ler o livro “Libertação”. Acho que vai ficar muito mais fácil.

Segundo: é preciso compreender o que ocorre.

E isso é o que já estamos fazendo nesse texto, compreendendo.

E nesse caso, o problema é uma interpretação errada de nosso cérebro, ao nos identificarmos com ela acabamos por ferir a criança interior em sua falta de confiança em si. Cada pessoa tem graus diferentes de falta de valor próprio, dependendo de seus “traumas” de infância e dos resgates que já realizou.

Quem já confrontou antes seus traumas de infância tende a ter uma redução no quanto o "ciúmes" lhe perturba. Quanto “menos resolvido” for nossas chagas, mais intenso o ciúmes se torna, pois esta diretamente relacionado com esse “vazio” dentro de nós.

Ao compreender o que ocorre você se torna capaz de encerrar o ciclo. Pode optar por parar de repetir o mesmo erro relacionamento após relacionamento. Parar de sempre colocar a culpa no resto do mundo e seus parceiros.

Reconhece de uma vez por todas que é loucura tentar colocar remédio no espelho (mundo lá fora) e começa a finalmente sentir o ENORME alivio de iniciar a cura onde está de fato o machucado: dentro de seu corpo emocional /corpo de dor.

Por favor, evite de ficar se punindo ao reconhecer isso. Se punir é trocar a raiva do mundo pela raiva de si. Isso também não resolve e não cura nada.  Ao invés disso se ame reconhecendo a fonte: a ferida e o medo de sua criança. Só você pode resolver isso!

Terceiro: rendição. Uma vez que reconhece o que acontece, está na hora de lidar com o sentimento. E como ser faz isso, lidar com sentimento?
Primeiro é indispensável que você pare de tornar ele pior, “batendo” na criança por ela sentir dor. Como fazemos isso? Tentando “parar” um sentimento ruim brigando com ele.

Tipicamente fazemos assim: “ai que coisa ruim me sentir assim, quero que isso pare, ai que droga!”. Para quem é cego ao corpo emocional, é apenas uma irritação que exige brigar com alguém na rua, no transito, “dar umazinha”, tomar um porre, “fumar um” e assim por diante. Basicamente uma “fuga” qualquer para uma “aliviada” ou “descarga”(privada?) emocional.

Quem não percebe a dor de forma clara, é porque está ainda mais intensamente na fuga. Normalmente quem é mais racional (Yiang-mente) faz isso. Foge de forma brutal e machuca tirânicamente a própria parte emocional (Ying-criança).

Por isso, para que haja cura de qualquer dor, é necessário que cesse a guerra interna, o conflito. No caso parar de ficar fugindo da dor causada pelo ciúme e reconhecer. Fingir e reprimir só aumenta o mal estar da criança, é uma estratégia que simplesmente NÃO FUNCIONA!

Basta respirar fundo, esperar que suas emoções se acalmem. Não tentar reprimir o sentimento. Não morremos ao confrontar a dor! Não explodimos (embora pareça que vamos), na verdade quanto mais respiramos na presença do mal estar, ele vai gradualmente se transformando.

Permitir a criança interior de sentir a "dor" é indispensável.

Isso, acreditando vocês ou não, vai curando a criança aos poucos. Rendição implica também em parar de ficar alimentando pensamentos mórbidos e dolorosos, opte por respirar fundo e silenciar a mente ou mudar o foco dos seus pensamentos (meditação ajuda para quem não sabe fazer isso ainda). 

Sempre que a sua mente (corpo mental/ego) lhe provocar com um pensamento ruim, não se identifique, como se aquilo fosse você. Não é. É apenas uma parte de você, como o dedão do pé. Se você "colar" com esses pensamentos, como se eles fossem tudo o que você é...
Aí... a dor irá se tornar cada vez mais insuportável.

Um pensamento vai se juntar a outro, e a outro, e outro... criando uma verdadeira cadeia e quando você menos perceber, vai estar mergulhado no pior panorama possível e que te cause mais dor e impotência. Não seja vítima da sua mente, deixe-a para trás.

A rendição é a entrega suprema. O remédio para todos os males. Nesse caso não é diferente. Cada vez que você permite o ciúme, ou qualquer dor que surja: desvalor etc, sem reagir, apenas reconhecendo a criança ferida (corpo emocional), há uma porta para libertação!

Quarto: abraçar a experiência. Isso quer dizer: celebre! Sempre que algo doer muito, é porque algo que restringe sua alegria, progresso e plenitude na vida está vindo a tona! Não perca a chance de cuidar de você, de se amar, de realizar sua cura!

Ciúme é como um mapa sagrado de cura, acreditem. É por minha experiência, um dos mais extremos sentimentos da criança ferida, e liga diretamente ao básico da essência: valor.

Celebrar não significa reprimir a dor, como já vimos, mas APESAR da dor, abraçar a oportunidade de cuidar de si e reconhecer aspectos que antes estavam na sombra.

Quem busca conhecer-se na essência, precisa vivenciar o vazio primeiro, e o ciúme abre esta porta, permitir-se sentir o ciúme resulta no resgate do valor próprio, um profundo UAU :)

Quem foge da dor que sente dentro de si, ataca o que está fora! E busca resolver as coisas no mundo ilusório (maya)! Brigando, cobrando, rompendo, xingando, julgando... E para ter "segurança" (segurar),  se casa, firma compromisso e faz juras, infelizmente muitas vezes falsas pois são baseadas no medo da perda, na possessividade e não na celebração e na partilha.

E ai que vem mais uma vez a beleza do poliamor! UAU  

Quando você é poliamor, tende a ser ainda mais leal! Pois suas relações não são baseadas no medo, mas na partilha, na celebração. Não lhe falta nada, por isso quem está contigo, está por afinidade e amor profundo!

Veja só: você se torna mais seletivo e não menos! Confia mais ainda nos seus parceiros!

Ser poliamor ainda é para poucos: para quem realmente deseja se conhecer.
Tem gente confundindo poliamor com “putaria”. E olha que eu hoje prefiro putaria ao exclusão, mas vamos ser precisos: putaria também é fuga. É ter varias relações superficiais, puramente sexuais, apenas para fugir da conexão profunda, verdadeira e “insegura”. É outra forma de fugir do medo do ciúme e dos próprios sentimentos, evitando ter vínculos reais com os outros, para que ninguém chegue perto o suficiente e “veja que eu não tenho valor”.

E isso é poliamor: vínculos profundos, de forma livre, aberta e múltipla. Poliamor é só uma palavra, mas representa algo grandioso... amor é igual conexão total, consigo,  com o outro e com o divino dentro de nós.

Poliamor então é conexão total com muitos. E isso requer superar os medos.


E ainda mais que isso, requer superar o medo de ser totalmente feliz e livre, auto responsável! Pôr fim à fuga e ao auto boicote :)

Satya Dharma
Mestre Liberto

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Amor Livre

Oi para você! Sou Satya. Um mestre Zen, ou um Zé ninguém. Não importa realmente.

Eu to aqui para falar de uma forma totalmente nova de se relacionar com outras pessoas. De forma múltipla e profunda. Ao contrario do padrão antigo: superficial e monogâmico. Ou pior, uma prisão, onde normalmente uma das partes cava um túnel por debaixo das muralhas para aprontar e dissimular um pouco.

Ao invés disso que tal imaginar-se de braços abertos no alto de uma montanha, celebrando o por do sol, cheio de amor e gratidão, cercado de amigos e amigas, sorridentes e cheios de amor uns pelos outros. Íntimos, profundamente íntimos. Após partilharem sonhos, corpos e anseios? Amar e ser amado, correr o delicioso risco de se expor a muitas pessoas de uma única vez!

Amar e encantar ao extremo, de sentir o prazer no nível total?

Deixar para trás o antigo medo de se relacionar de forma livre! Do julgamento, da culpa por ser livre e feliz! Abandonar a prisão de uma falsa segurança, que muitas vezes acaba acorrentando a uma relação estéril e frágil, sem vitalidade e cumplicidade, onde temos de reprimir a si e ao outro, se escondendo de nossos desejos para manter uma ilusão.

Nossa intuição grita por isso, pelo abraço grande. Pelo grupo unido e íntimo. Que partilha à tudo livremente, sem critica, julgamento ou exigências.  É o medo que barra.

Medo de não ser aceito, de ser excluído, deixado de lado, não ser amado, ser revelado uma farça, ou de que será exigido a dar mais do que se sente capaz de oferecer... O medo é esse câncer que se contrapõe a abertura. É a contração que barra a expansão!

E o medo nos fecha. Nos torna famintos. Seres sedentos de atenção. E nossa sociedade de consumo, que nos faz olhar sempre pra fora, acaba por piorar as coisas! Pois além de carentes por estarmos fechados, ainda não cuidamos de nós mesmos, não nos nutrimos de nós, de ser.

Por isso eu te convido a ter coragem! Ame, e ame muito! Permita o outro, pare de temer a si mesmo. Se conheça e conheça o outro profundamente. Quem não deseja se conhecer, não quer conhecer o outro! Por isso que muitas relações monogâmicas são baseadas no medo, na prisão, na culpa. Um não conhece o outro e vivem no conflito! Não seria de se esperar algo diferente né? Quem só reprime a si mesmo, vai reprimir o outro que é seu espelho.

Uma relação de amor livre é diferente. Se não for, não seria livre... É baseada em um outro tipo de vinculo. Um vínculo que vem da partilha. De quem se completa sozinho. Se nutre de si mesmo(a). Que agora deseja partilhar e celebrar junto.

Cria uma sexualidade revolucionaria, madura. Depois de se trabalhar dentro, da limpeza interna, da libertação e auto conhecimento, surge a vontade de partilhar, de celebrar e doar. Não é mais uma fome que exige do outro, que cobra. Deixa de ser um; “resolva-me” para tornar-se um: “vamos dançar essa dança juntos? Celebrar?”.

Uma relação aberta pode ser um grande espaço de cura para quem ainda esta se libertando! Basta estar com outras pessoas que sejam libertas, ou a caminho de libertar-se.

Amor livre é abertura e expansão.

Amor é conexão.
Amor livre = Conexão livre.
Abertura!

Ser livre para criar vínculos autênticos e verdadeiro, sem medo. De compreender que todos somos únicos e que tudo lhe será dado e nada será negado. Que cada pessoa pode ser acrescida ao circulo, trazendo cada vez mais força e beleza!

Juntar-se vários corpos na cama, muitas mãos que se tocam e estimulam é delicioso, onde não há diferença, mas convergência. Gostos, cheiros e sorrisos, gracejos e beijos. Performance não significa nada, pois somos livres e plenos, celebrando juntos. A perda de confiança em si mesmo(a) já foi superada.

É varias mãos juntas criando deliciosas comidas, onde cada refeição é um banquete. A criatividade e gostos múltiplos criam comidas únicas e exóticas, sempre surpreendendo! Tocar, dançar e cantar é o ritmo diário de prazer e sorriso.

Realizar as tarefas de casa deixam de ser um fardo para ser uma brincadeira. Plantar a própria comida é leve e fácil, cuidar das crianças um prazer de todo o grupo e cada nova chegada é celebrada por todos como um filho só de muitos pais e mães.

Viver livremente. Amar livremente. Festejar livremente.

Livre de peso, livre de rótulos e coerência. Livre de certo ou errado.

Ser. Basta ser. Ser juntos.

Satya Dharma
Mestre Liberto