Segue uma parte de meu novo livro, para todos vocês, como sempre será um livro gratuito! :)
Me sinto muito feliz por respeitarem a autoria :) afinal aqui está a soma de anos de trabalho interno junto dos ensinamentos de muitos mestres!
Com carinho do Mestre Liberto, Satya Dharma... e uma mão de sua pupila Kamala
No caminho do amor liberto, o ciúme é o maior desafio.
O que é o ciúme?
Um sentimento, uma emoção, uma sensação corporal?
Acho que cada um de nós vai dar uma resposta diferente, usando
palavras distintas né?
Mas no final, vamos concordar que, é muito ruim.
Um sentimento que dói. Pode ser desde um desconforto, uma leve
ansiedade até uma sensação de dor intensa, raiva e ânsia de vômito. São
intensidades diferentes e variam de pessoa para pessoa, situação para situação.
No fundo não passa de uma intensa resposta de nosso sistema de
defesa, mais conhecido como Ego. No corpo mental, mente pensante. Nosso
personagem e falso eu.
Recomento de pronto que vai ser transformador ler o site “escola
de libertação”. Lá tem o livro gratuito (Libertação) para baixar e é MUITO
associado ao que vamos falar superficialmente aqui. www.escoladelibertacao.com.br
A questão central gente é que: ciúme machuca e incomoda.
O ciúme surge como uma resposta de nosso corpo emocional (criança
interior) á uma provocação. Essa provocação é criada pela mente, sempre
interpretando as coisas que acontecem sob uma ótica pessimista e até
catastrófica. Nessas interpretações, os fatos são “exagerados” de forma a criar
o pior cenário possível e simplesmente não conseguimos “enxergar” mais as
coisas com clareza, mesmo que achemos que sim.
Essas interpretações normalmente envolvem a ideia de que “algo”
esta lhe sendo tirado, sob risco de ser tirado ou de que tudo já foi perdido.
Pode ser amor, respeito, reconhecimento, dinheiro, honra etc. A máscara/título
que surge não importa. Fato é que essas coisas estão sempre relacionadas ao nosso
senso de “valor” próprio, ou nossa capacidade de amar e gostar de nós mesmos.
Durante nosso crescimento a ideia de que não há amor o suficiente
para nós no mundo ficou profundamente arraigada em nossa mente, isso abala
nossa segurança. Adotamos como verdade intrínseca que devemos lutar para sermos
amados, ao invés de reconhecer que SIM “existe amor suficiente para todos nós
no mundo”.
A crença de não ser mais amado, gera um “tilt” na cabeça. Liga nosso
botão de sobrevivência.
Isto é instintivo. Por quê?
Saca só, para a criança interior (corpo emocional) ser amada é
questão de vida ou morte, de sobrevivência, literalmente. Se ela não for aceita
e amada, não será cuidada e nutrida.
Todo bebê e infante, precisa conquistar esse afeto para não ser
“largado” ou “abandonado”. No nosso eu
primitivo, não ser aceito, aprovado pelo mundo externo, representa um risco á
sua sobrevivência.
Isso fica “sub-escrito” na nossa programação como um conceito
muito oculto e sutil, causando grandes ondas de choque em nosso ser. Só somos capazes de testemunhar esse “bug” de
programação quando passamos por uma situação de grande dor, ou muitas sessões
de “auto-resgate”.
Quando crescemos e amadurecemos como pessoas, muitas vezes não
trabalhamos estes aspectos íntimos, nosso autoconhecimento. Não realizamos o
que gosto de chamar de "auto-resgate".
O corpo mental, ego, que é nosso cachorro no portão (responsável
por nos proteger do mundo externo), ao se deparar com o risco de perda de aceitação,
liga esse pavor e então o medo primitivo de que algo esta lhe sendo tirado
abala fortemente sua sobrevivência!
Não se admira as reações brutais de algumas pessoas quando tem
ciúmes! Sem sequer perceber estão sendo totalmente dominadas pelo instinto de
sobrevivência. Nosso instinto de sobrevivência tem duas respostas á uma ameaça:
fuga ou luta. Ou fingimos que tudo aquilo não está acontecendo, não olhamos
para as nossas dores e simplesmente seguimos para a próxima relação (que
possivelmente repetirá o mesmo ciclo) ou atacamos ferozmente o que julgamos ser
a causa da nossa dor – o outro.
O ataque que fazemos aos outros é uma reação de proteção.
Equivocada claro, porque é de fora para dentro, contra o espelho. É uma
tentativa de por fim a dor interna, através de um ataque a algo fora. Mas claro
que não resolve, pois a fonte da dor é dentro. Isso raramente impede as pessoas
de saírem culpando o outro. É algo mais ou menos assim que diz a nossa criança:
“Como ousa você colocar essa dor em mim?”, sem perceber e reconhecer que a dor
já estava lá em primeiro lugar. Só foi desperta pela situação.
O que de fato acontece é que sua parte mais primitiva do cérebro
interpreta de forma errada uma situação perfeitamente comum: a troca entre
seres em vários níveis. Interpreta a partilha da conexão de seu parceiro com
outro ser como um risco. Como se o vínculo existente entre vocês fosse ser
anulado agora que seu parceiro se conectou à outra pessoa!
É essa parte primitiva que exige a exclusão dos outros, para
evitar essa sensação de colapso interno. Daí as relações “exclusivas” serem tão
restritivas e limitantes. Nelas, excluímos o resto do mundo para ter a ilusão
de “segurança” que o outro “é só nosso”. A relação é um “bunker” contra seus
sentimentos de insegurança. Uma barreira entre você e a verdade: um profundo
sentimento de falta de valor.
Basta “sair” desse bunker ilusório, a relação exclusiva, e uma
avalanche de sentimentos não trabalhados nos atingem em cheio! Só de pensar em
relações abertas e surge um enorme MEDO!
E neste medo que está a chave de libertação de nossas feridas
internas. Mas vamos por partes.
O fato é que não é possível viver a plenitude do ser quando se
está confinado. Uma prisão te pode ser confortável, mas nunca é plena. Prisão,
confinamento, muralhas, bunker, são os expoentes de limitação, de restrição. Da mesma forma como um rico pode se ver refém de
sua riqueza, prisioneiro de suas posses. Da mansão, yate, carro de luxo, e joias.
Junto acompanha o medo de um assalto ou ataque aquilo que acredita possuir. Na ânsia
de “proteger” vive a neurose e a ansiedade constante. O medo que falamos a
pouco, ao contrário de sumir, de ir embora, apenas vai se elevando.
Pior: de uma forma trágica em algum momento a relação exclusiva
deixa de nos alimentar. A nós e ao colegas de cela (nosso parceiro). Isso leva
as famosas escapadinhas. Fugas reais ou só fantasias de liberdade. A possessividade,
o medo da perda, e a busca pela segurança da exclusividade criam aquilo que
tenta impedir: a perda.
Por isso que ao contrário do que se pensa, relações poliamorosas
estimulam e elevam em muito o gral de intimidade e cumplicidade, pois são
inclusivas. Os sentimentos de insegurança e desvalor são constantemente
reconhecidos e trabalhados. Os parceiros se entendem e se acolhem ao invés de
se atacarem e aprisionarem mutuamente. Isso eleva a cumplicidade, aproxima por
afinidade!
Ao contrario do ressentimento inconsciente pelas correntes do
aprisionamento, da relação asfixiante.
É inevitável que o ciúme resulte nessa tão famosa possessividade.
A busca da posse é essa tentativa de “segurar”, manter e concretar.
Onde o outro ser humano deixa de ser livre para se tornar "meu". Como
vemos juntos ate aqui isso é uma bizarrice de nosso sistema de defesa, afinal
não podemos possuir ninguém. Mas ainda assim realizamos aquela famosa cerimônia
publica com juras e contratos públicos.
Esse banker, prisão tem nome de casamento e toma forma de um
decreto para o mundo: “nos possuímos mutuamente nessa prisão de palavras e
idéias, esse rótulo nos protege e estes papéis e aros de ouro confirmam: somos
um do outro e excluímos o resto do mundo!”.
Que trágico né? Tudo para diminuir esse tão intenso pavor mortal
de nossa criança interior, feito de uma forma ruim e ineficiente que só piora
as coisas, como tudo que é motivado pelo medo! Eu e muitos que amo já pagaram o
preço elevado dessa ilusão.
Seguir o caminho do medo, agindo no mundo lá fora, é a receita da
catástrofe. É literalmente como tentar curar uma ferida colocando um band-aid
no nosso reflexo do espelho, loucura, certo? Mas fazemos isso e não percebemos
que não adianta tentar resolver lá fora, aquilo que está rolando aqui dentro,
no íntimo!
Mas caramba, é assim que todo mundo faz nesse mundo é hoje né? Viciados
em achar que podemos resolver tudo lá fora! De preferência fugindo da dor...
“eitcha” que sociedade paracetamol!
Tentamos resolver as coisas lá fora e nunca aqui dentro, onde
realmente “existimos”.
Em linhas gerais podemos
recapitular que: o ciúme é
nosso cérebro “lendo” um risco real ou irreal nos fatos, sempre exagerando as situações.
Estas percepções levam nossa criança interior a "convulsões" de medo
primitivo e dor, associados à sensação de perda, ausência de valor. Num nível profundo,
subconsciente, é um medo da morte ou perda de "identidade". Esse
sentimento de mal estar leva a mente a buscar resolver “lá fora” o problema, ao
invés de curar a ferida dentro. A solução clássica no ciúmes em relações amorosas
é a exclusão do risco “eliminando” a concorrência, leia-se o resto do mundo.
Chegamos num ponto chave aqui então, como lidar com lidar com ciúmes
então?
Primeiro: é preciso reconhecer.
Para resolver um problema primeiro é necessário reconhecer que ele
está lá. Simples e objetivo. E isso exige um movimento enorme de coragem, que é
assumir responsabilidade. Parar de culpar os outros e ter “ótimas razões” para
estar com ciúmes. Pare de fugir de si mesmo com boas razões para culpar os
outros.
A fonte da dor só está em um lugar: em nós mesmos. O que o outro
faz ou não faz em nada afeta realmente quem somos, se dói é porque a ferida já
estava lá em primeiro lugar.
Assuam responsabilidade por você. Se esta é a primeira vez que escuta
isso, melhor ler o livro “Libertação”. Acho que vai ficar muito mais fácil.
Segundo: é preciso compreender o que ocorre.
E isso é o que já estamos fazendo nesse texto, compreendendo.
E nesse caso, o problema é uma interpretação errada de nosso
cérebro, ao nos identificarmos com ela acabamos por ferir a criança interior em
sua falta de confiança em si. Cada pessoa tem graus diferentes de falta de
valor próprio, dependendo de seus “traumas” de infância e dos resgates que já
realizou.
Quem já confrontou antes seus traumas de infância tende a ter uma redução
no quanto o "ciúmes" lhe perturba. Quanto “menos resolvido” for
nossas chagas, mais intenso o ciúmes se torna, pois esta diretamente
relacionado com esse “vazio” dentro de nós.
Ao compreender o que ocorre você se torna capaz de encerrar o
ciclo. Pode optar por parar de repetir o mesmo erro relacionamento após
relacionamento. Parar de sempre colocar a culpa no resto do mundo e seus
parceiros.
Reconhece de uma vez por todas que é loucura tentar colocar
remédio no espelho (mundo lá fora) e começa a finalmente sentir o ENORME alivio
de iniciar a cura onde está de fato o machucado: dentro de seu corpo emocional /corpo
de dor.
Por favor, evite de ficar se punindo ao reconhecer isso. Se punir
é trocar a raiva do mundo pela raiva de si. Isso também não resolve e não cura
nada. Ao invés disso se ame reconhecendo
a fonte: a ferida e o medo de sua criança. Só você pode resolver isso!
Terceiro: rendição. Uma vez que reconhece o que acontece,
está na hora de lidar com o sentimento. E como ser faz isso, lidar com
sentimento?
Primeiro é indispensável que você pare de tornar ele pior, “batendo”
na criança por ela sentir dor. Como fazemos isso? Tentando “parar” um
sentimento ruim brigando com ele.
Tipicamente fazemos assim: “ai que coisa ruim me sentir assim,
quero que isso pare, ai que droga!”. Para quem é cego ao corpo emocional, é
apenas uma irritação que exige brigar com alguém na rua, no transito, “dar umazinha”,
tomar um porre, “fumar um” e assim por diante. Basicamente uma “fuga” qualquer
para uma “aliviada” ou “descarga”(privada?) emocional.
Quem não percebe a dor de forma clara, é porque está ainda mais
intensamente na fuga. Normalmente quem é mais racional (Yiang-mente) faz isso.
Foge de forma brutal e machuca tirânicamente a própria parte emocional (Ying-criança).
Por isso, para que haja cura de qualquer dor, é necessário que cesse
a guerra interna, o conflito. No caso parar de ficar fugindo da dor causada
pelo ciúme e reconhecer. Fingir e reprimir só aumenta o mal estar da criança, é
uma estratégia que simplesmente NÃO FUNCIONA!
Basta respirar fundo, esperar que suas emoções se acalmem. Não
tentar reprimir o sentimento. Não morremos ao confrontar a dor! Não explodimos
(embora pareça que vamos), na verdade quanto mais respiramos na presença do mal
estar, ele vai gradualmente se transformando.
Permitir a criança interior de sentir a "dor" é
indispensável.
Isso, acreditando vocês ou não, vai curando a criança aos poucos.
Rendição implica também em parar de ficar alimentando pensamentos mórbidos e
dolorosos, opte por respirar fundo e silenciar a mente ou mudar o foco dos seus
pensamentos (meditação ajuda para quem não sabe fazer isso ainda).
Sempre que a sua mente (corpo mental/ego) lhe provocar com um
pensamento ruim, não se identifique, como se aquilo fosse você. Não é. É apenas
uma parte de você, como o dedão do pé. Se você "colar" com esses
pensamentos, como se eles fossem tudo o que você é...
Aí... a dor irá se tornar cada vez mais insuportável.
Um pensamento vai se juntar a outro, e a outro, e outro... criando
uma verdadeira cadeia e quando você menos perceber, vai estar mergulhado no
pior panorama possível e que te cause mais dor e impotência. Não seja vítima da
sua mente, deixe-a para trás.
A rendição é a entrega suprema. O remédio para todos os males.
Nesse caso não é diferente. Cada vez que você permite o ciúme, ou qualquer dor
que surja: desvalor etc, sem reagir, apenas reconhecendo a criança ferida
(corpo emocional), há uma porta para libertação!
Quarto: abraçar a
experiência. Isso quer
dizer: celebre! Sempre que algo doer muito, é porque algo que restringe sua
alegria, progresso e plenitude na vida está vindo a tona! Não perca a chance de
cuidar de você, de se amar, de realizar sua cura!
Ciúme é como um mapa sagrado de cura, acreditem. É por minha
experiência, um dos mais extremos sentimentos da criança ferida, e liga
diretamente ao básico da essência: valor.
Celebrar não significa reprimir a dor, como já vimos, mas APESAR
da dor, abraçar a oportunidade de cuidar de si e reconhecer aspectos que antes
estavam na sombra.
Quem busca conhecer-se na essência, precisa vivenciar o vazio
primeiro, e o ciúme abre esta porta, permitir-se sentir o ciúme resulta no
resgate do valor próprio, um profundo UAU :)
Quem foge da dor que sente dentro de si, ataca o que está fora! E
busca resolver as coisas no mundo ilusório (maya)! Brigando, cobrando,
rompendo, xingando, julgando... E para ter "segurança" (segurar), se casa, firma compromisso e faz juras,
infelizmente muitas vezes falsas pois são baseadas no medo da perda, na
possessividade e não na celebração e na partilha.
E ai que vem mais uma vez a
beleza do poliamor! UAU
Quando você é poliamor, tende a ser ainda mais leal! Pois suas
relações não são baseadas no medo, mas na partilha, na celebração. Não lhe
falta nada, por isso quem está contigo, está por afinidade e amor profundo!
Veja só: você se torna mais seletivo e não menos! Confia mais
ainda nos seus parceiros!
Ser poliamor ainda é para poucos: para quem realmente deseja se
conhecer.
Tem gente confundindo poliamor com “putaria”. E olha que eu hoje
prefiro putaria ao exclusão, mas vamos ser precisos: putaria também é fuga. É
ter varias relações superficiais, puramente sexuais, apenas para fugir da
conexão profunda, verdadeira e “insegura”. É outra forma de fugir do medo do ciúme
e dos próprios sentimentos, evitando ter vínculos reais com os outros, para que
ninguém chegue perto o suficiente e “veja que eu não tenho valor”.
E isso é poliamor: vínculos profundos, de forma livre, aberta e
múltipla. Poliamor é só uma palavra, mas representa algo grandioso... amor é
igual conexão total, consigo, com o
outro e com o divino dentro de nós.
Poliamor então é conexão total com muitos. E isso requer superar os
medos.
E ainda mais que isso, requer superar o medo de ser totalmente feliz
e livre, auto responsável! Pôr fim à fuga e ao auto boicote :)
Satya Dharma
Mestre Liberto