sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O que é poliamor, ou amor liberto?

O que é exatamente amor liberto, ou “poliamor”?

Bem, não há uma única resposta para essa pergunta, ao menos no nível da exatidão. Existem muitas “leituras” diferentes deste tema.

Basicamente poliamor significa muitos amores, ou amor múltiplo. Amor liberto é uma redundância, pois amor só é liberto.

É claro que “amor” é só uma palavra e 99% das vezes utilizada de forma “solta”.
Nesse caso vou utilizar amor no sentido espiritual

O amor pode ser explicado de forma longa, e merece! Um dos livros que escrevi trata apenas do amor. Mas vamos ser práticos e objetivos?

Amor espiritualmente, acima de tudo significa: conhecer profundamente. Ter intimidade verdadeira. E esse conhecer profundo só é possível através de uma conexão, ligação. Os grandes ensinamentos espirituais de muitas linhas religiosas apontam que, para amar o outro, é necessário primeiro amar a si. Já outro ensinamento diz que para se conhecer verdadeiramente, rompendo a ilusão do falso eu (mundo externo), é necessária intimidade com si mesmo, a verdade da essência.

Nesse caso, embora com palavras diferentes, estão falando da mesma coisa: amor e consciência como sendo uma conexão profunda com si mesmo, com a essência.

De forma muito “the flash” estou dizendo que amor é conexão verdadeira.

Uso a palavra “verdadeira”, porque não se trata de conexão na forma de “apego”. Apego não exige nada de esforço, não requer conhecer o outro, nem a si próprio. Apego é uma ilusão de que “preciso disto para ser completo”. Apego é acreditar que algo no mundo lá fora “me completa” e “me faz feliz”. É o oposto do amor espiritual, onde alcanço a completude de mim mesmo, sou pleno, e então ao me reconhecer sou capaz de reconhecer e desvendar o outro.

Conexão através do amor é: conheço a mim mesmo e sou completo em mim, portanto reconheço você como parte de mim, uma extensão de mim.

Poliamor nesse caso é conectar-se profunda e livremente com muitos seres. É buscar celebrar a vida e a própria plenitude em conjunto. Obviamente não somos todos plenos! Caso contrário o mundo lá fora seria harmônico, certo? Ser poliamor é reconhecer o “caminho” e a “jornada” de plenitude, que passa por se “soltar” dos apegos, medos na forma de ciúmes. É desistir de tentar “controlar” tudo baseado no medo e trocar pela confiança, pelo salto de fé.

Nesse ponto, poliamor é o fim de relacionamentos por medo. Deixar para trás a compulsão por segurança para acalmar o medo da perda. Poliamor é o reconhecimento que vínculos não devem ser excludentes. Na verdade é incoerência pura a forma antiga de relacionamento! Como deixaremos para trás uma sociedade excludente se buscamos relações exclusivas?

Dessa forma, quem busca o poliamor, é porque já percebeu de alguma forma que deseja ser livre, se conhecer de verdade e ter relações mais autênticas com os outros. Buscando deixar de lado o ciúme e o anseio por controlar a relação. Substituindo pelo unir-se por afinidade, admiração e partilha.

Mas veja só “poliamor” é uma palavra né? Qualquer um pode sair por ai utilizando e dizer que é um expert. E de certa forma ele será, pois viverá o seu jeito de poliamor. O engraçado é que a maior parte das pessoas que buscam o poliamor, mesmo que no inicio seja por motivos mais mundanos, acaba crescendo em maturidade.

Por uma razão exotérica, explicado pelo tantra. A sexualidade gera conexão, mesmo que mínima. Cria maior exposição, vulnerabilidade, que gera a cumplicidade. Mas isso só ocorre se há o reconhecimento do poliamor abertamente, ou seja, sem dissimulação. Quem é “mentiroso” e faz “por baixo do pano”, não colhe este fruto, pois está psicologicamente fechado, na defensiva, motivado pela culpa e repressão.

Então mesmo que para algumas pessoas poliamor seja sinônimo de polisexo, se for de forma aberta e reconhecida, sem dissimulação, tende a deixar de ser apenas polisexo! O que isso quer dizer? Que sexo é uma coisa deliciosa e fantástica, que gera conexão e intimidade, e quando é feito de forma aberta, com cada vez menos recalque, se torna um canal para intimidade verdadeira!

Seria legal que você estude o tema se quiser! Há muitos trabalhos fantásticos sobre o papel da sexualidade na transformação espiritual, ou na psique humana.

Superar o recalque do sexo é uma das coisas mais profundas e libertadoras que um ser humano pode realizar, e requer uma gigantesca coragem, acreditem! Na base do recalque está o pavor à vulnerabilidade do desfazimento da própria identidade, a “pequena morte” como dizem. Então veja só, a sexualidade livre também liberta e aproxima do poliamor verdadeiro: conexão profunda consigo e com o outro, plenitude e completude, a partilha e celebração.

O curioso é que a maior parte das relações monogâmicas não tem intimidada real alguma! E muitas vezes uma das partes “rompe” a relação quando as coisas “ficam muito íntimas”! É o tal do pavor da intimidade, de ser descoberto “insuficiente”. Claro que poucas pessoas percebem isso, mas quem ler isso e já tiver “testemunhado” essa parte de sua “criança interior”, sabe do que estou falando!

Em relações poliamorosas há mais intimidade e respeito mútuo. Há muito lealdade e cumplicidade. Partilhando não apenas experiências mas também amores. No poliamor, costuma-se ter a convicção e confiança maior de que quem está “junto” é porque realmente deseja estar lá. Ou seja, não há medo constante, mas sim prazer e gratidão, certeza da apreciação mútua. Nenhuma das partes é um “carente” com medo da solidão e amargura! Que esta ali pelo medo de ficar sozinho, por comodidade.

Os tipos de relações poliamorosas costumam ser descritas por símbolos geométricos, triangulo, circulo, T, V, W etc. A diferença por exemplo, é que uma relação em T, há uma relação forte entre duas partes e um terceiro menos conectado, já no V, uma das partes tem duas relações. No triangulo, os três se relacionam mutuamente e de igual intensidade. No W, há várias ligações em sucessão, não relacionadas etc. Não há limite ou forma fixa.

Normalmente relações se tornam grande círculos, com “constelações”. Ou seja, um núcleo de parceiros sólidos e outros ao redor que se aproximam ou distanciam de forma fluídica.  

Então vamos lá: Poliamor ou amor liberto é conexão profunda e livre com várias pessoas ao mesmo tempo, sem limites ou formas estabelecidas. É algo fluido e orgânico. Não se propõe a ser mais uma coisa racional e “segura” para nossa mente combater os medos.

Poliamor é prazer intenso e liberdade de fato. É autoconhecimento na superação das inseguranças, em especial no começo da jornada.

Satya Dharma
Mestre Liberto

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